Análise: O horror cósmico de O Farol
H.P. Lovecraft tem se tornado umas das figuras mais influentes para a cultura pop hoje em dia, além de seus livros com compilados de contos, quadrinhos, RPG, etc. Ele está tomando uma parte considerável do cinema de terror na última década, desde filmes sobre suas obras em si, até a grande influência em que vemos em O Farol.
Primeiro, para entendermos melhor o filme, temos que ver o conceito de Terror Cósmico em si, que basicamente é algo que está além da compreensão humana, algo muito mais antigo e complexo, onde a humanidade não pode fazer nada para intervir, nos tornando insignificantes perto das questões e perigos que esses tipos de história acarretam. O grande problema dele é que ele não costuma funcionar nesse tipo de plataforma do cinema, é necessário que o diretor tenha uma certa sensibilidade em fazer que esse tipo de terror seja muito mais sensorial e psicológico do que visual, o que felizmente o diretor Robert Eggers consegue fazer muito bem.
O filme é totalmente em preto e branco e com uma certa granulação, nos remetendo ao início do século XX. A obra gira em torno de um faroleiro veterano Thomas Wake (Willem Dafoe) que se torna possessivo em relação ao Farol de que cuida, e seu novo subordinado Ephraim Winslow (Robert Pattison) um jovem fugindo da culpa de seu passado. Confinados em uma pequena ilha que mais parece um pedacinho de terra em meio ao oceano, os dois criam uma conturbada relação que os leva muitas vezes ao extremo, juntando ao pequeno espaço totalmente insalubre em que são expostos.
A Mitologia do filme é muito bem introduzida e coerente, com suas regras sendo seguidas sem algum Deus Ex Machina, ou seja: toda ação terá uma grande consequência, principalmente se tratando de lendas e superstições antigas.
Tanto a fotografia claustrofóbica de 19:1 de tamanho da tela quanto o enredo introduzindo e induzindo a insanidade aos poucos, através de pequenos detalhes, nos traz a tona as histórias do autor como (A Cor que Caiu do Céu) ou (Dagon), principalmente se tratando de assuntos ligados ao oceano, presente na maioria dos contos de Lovecraft.
A narrativa é monótona trazendo a tensão em alguns detalhes, que às vezes nos deixam desconfortáveis e outras vezes beiram o perturbador, mostrando que há sempre algo maligno a espreita, fazendo ao espectador e aos personagens se sentirem incapazes e sufocados, grande parte do tempo.
O que o público blockbuster se decepcionou em A Bruxa, o diretor fez questão de já fomentar seu estilo narrativo desde o princípio, para evitar digamos que o “publico errado” digo isso, pois ele não é um filme com muita ação ou jumpscares, o que pode desinteressar as pessoas que vão ao cinema para ver um filme casualmente.